quarta-feira, 6 de julho de 2011

Canção do Adolescente Monalisa Costa



Que quando dormir mais um pouco antes de ir à escola que ela não entre no meu quarto gritando ou puxando o lençol. Pois não suporto barulho no ouvido tão certo e, posso estar sem roupa e, meu corpo não é mais o mesmo de quando criança.
Que quando eu sentar a mesa que ela não saia me fazendo um monte de perguntas, como por exemplo, se escovei bem os dentes, se tormei banho direito ou mesmo repetindo diariamente que meu suor está forte demais. É claro que sei lavar-me bem. E o suor nem é tão forte assim.
Que quando não comer tudo que está na mesa para o café da manhã que ela não me obrigue a levar as sobras para a escola. Porque os super salgados e os refrigerantes da cantina do colégio fornecem todos os nutrientes que faltaram.
Que quando for me deixar na escola que ela não me fosse a lhe dar alguma demonstração de carinho em público. Isso é o maior mico. Não quero virar o motivo do riso de ninguém. Mas em casa diga sempre o quanto sou importante para a felicidade dela. E o quanto não pode viver sem mim.
Que quando me atrasar para o almoço que ela não fique nervosa ligando para a casa de todos os meus amigos. Precisa entender que já sei me cuidar sozinho.
Que quando eu chegar em casa morrendo de fome que ela não imponha o banho, os dentes e as roupa limpa como condição para que possa colocar a comida, pois a hora da fome é sagrada pra mim, vem sempre em primeiro lugar.
Que quando não desejar fazer os exercícios de casa que ela não faça sempre o mesmo discurso, que se eu repetir o ano passarei as féria de castigo, só tendo de brinde os livros. Se fosse pelo menos a televisão ia pensar no assunto.
Que quando eu passar a tarde jogando videogame que ela não conte para seu marido o meu terrível crime. Pois sabe que com ele a coisa fica muito feia para meu lado.
Que quando eu estiver interessado numa menina que ela não seja a primeira a informá-la dos meus sentimentos. Nem fique me dizendo como conquistar e tratar uma mulher. Esses assuntos só eu posso resolver. Tomara que ela interne isso antes dos meus filhos casarem.
Que quando eu quiser assistir filmes de terror até tarde que ela não fique berrando para todos da rua ouvir que se eu fizer xixi na cama não vai limpar nada. Só aconteceu uma vez e quando eu tinha cinco anos.
Que quando eu estiver quieto que ela não fiquer alarmando todos os familiares dizendo que estou doente ou depressivo. Só estou tentando me encontrar no mundo.
Que quando conhecer meus amigos músicos que ela não fique falando o tempo todo que eles se vestem muito mal, que não gosta das gírias que usam, nem do jeito que comem na sua mesa. Sabe né, essa galera tem seu estilo próprio.
Que quando eu for à igreja que ela não me faça chegar atrasado, nem fique brigando comigo porque gasto muito do meu tempo envolvido com coisas de religião. Pois Deus é a salvação para os problemas do mundo.
E se durmo demais, se tenho preguiça de fazer os deveres de casa, se não me encontro no mundo e por isso fico irritado, se não tenho mais a simetria corporal e não sou mais lindinho, se gasto muito tempo na igreja, se não tenho medo de nada, se chateio meu pai, se protesto e falo tantos palavrões e se ouço música no último volume. Tudo isso é causado pelo vulção hormonal colocado em ebulição pelo processo de crescimento, também pela aungústia existencial própria da época de transição e ainda pelo processo de rearranjo dos meus neurônios. Em tão, apesar de todas as grosserias e as coisas erradas que faço que ela continue a ter paciência e amor incondicional para comigo.




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